quarta-feira, 29 de agosto de 2012

Quando ninguém falava inglês

Na minha adolescência, ninguém que eu conhecia entendia inglês. Por mais que a gente fizesse cursinho, era muito difícil encontrar alguém que falasse uma língua estrangeira. E na época a gente gostava muito das músicas em inglês.
Sem entender nadinha, "cantávamos" o som das palavras, sem a menor idéia do significado. Isso não incomodava nem um pouco. Importava o balanço, a melodia, as rimas inventadas. Aliás, como se inventava rimas ruins...a música "Cuba" do Gibson Brothers - 1979, tinha o refrão "Cuba quiero bailar la salsa" virou "cuba, seu irmão cag# nas calças", uma outra virou "seu c* só sai de ré", .. imagina eu que nunca gostei de palavrões.
Outro problema: como a gente não entendia nada, ficava apaixonada pelas melodias melosas, achando que eram românticas, quando na verdade estavam mais para gospel: "Jesus is love",  "He Ain't Heavy, He's My Brother", "Ships"... nessa então, Barry Manilow fala do pai, de cachorros, e dançando de rosto colado, a gente imaginava romance na letra. Não existia malícia, não havia maldade. Mesmo quando James Brown cantava "Get on up and then shake your money maker" (algo como sobe em cima e balance o seu traseiro) a gente só queria seguir a coreografia. E ninguém imaginaria que Freddie Mercury era homossexual, com aquele corpo másculo. Ninguém achava Village People caricatura gay. Acho que eram tempos mais leves. A inocência perdida não tem volta.

terça-feira, 28 de agosto de 2012

A situação das formandas II

Quando leio uma coluna do Walcyr Carrasco ou da Eliane Brum, penso se um dia reconhecerei o nome de algum colega da classe de Jornalismo, Uninove Formandos 2009. Tenho certa facilidade de decorar nomes completos, reconheço e quase sempre sei de onde. Já fazia essa busca pelos colegas de Publicidade e Propaganda, Faap Formandos 1985. Devo ser a única que acompanha premiações de campanhas publicitárias, demissões e contratações de agências de propaganda, tentando reconhecer algum nome. E não desisto de acompanhar os letreiros finais de programas jornalísticos na TV. Quem sabe? Seria um alento saber que algum - de tantos - seguiu firme na carreira escolhida. Que tantos anos dedicados à universidade não foram em vão para todos nós. Não precisa ser âncora, diretor ou redator. Bastava figurar na equipe.  Será falta de talento nosso? Ou dos professores?
De minha parte, já disse por aqui, meus diplomas foram para a gaveta. Nem quadro na parede mereceram. Continuo sem perspectiva de utilizar profissionalmente minha dupla formação universitária. Não quero aqui desanimar ninguém. Não foi totalmente em vão. A primeira faculdade acomodou minha ânsia criativa e organizou minhas ideias, e em vários momentos da minha vida, senti que aquele conhecimento adquirido me foi útil. A segunda fauldade foi pensada como opção de ocupação e vontade de aprender coisas novas e me deu satisfação pessoal.
Torço muito pelo sucesso de todos os meus ex-colegas de classe.

sexta-feira, 10 de agosto de 2012

Sobre o teatro

Eu sou daquele time "Vá ao teatro, mas não me chame". Sempre digo que não gosto de teatro. A mim parece sempre que os atores estão pagando mico, se humilhando, forçando uma situação, tentando convencer. Nunca me parece natural como é no cinema ou na televisão. Acho constrangedor mesmo.
Mas há uns dois anos, quando minha filha mais nova anunciou sua decisão de entrar num grupo teatral, achei que era fogo de palha, curiosidade adolescente. Que ainda não acabou e continua me levando a assistir suas apresentações, e me fazendo pensar que teatro às vezes é divertido. Só não sei ainda se gosto porque conheço o pessoal e acompanho suas lutas para produzir as peças.
Por mais que tentem me convencer que é bom para o desenvolvimento intelectual, social, que "teatro é arte, é cultura, é experiência", bla-bla-blá, continuo com a impressão que os defensores do teatro apenas têm vergonha de dizer que não acham graça na coisa. Não querem parecer analfabetos culturais, afinal, a arte dramática é um objeto semiótico por natureza, seja lá o que quer dizer isso.
Também acho desnecessários os palavrões que o povo do teatro tanto gosta de proferir. E disso já tratei aqui.
Quantas dinâmicas de grupo participei quando era uma desempregada procurando vaga no mercado de trabalho. Isso sempre me incomodou por não saber se deveria representar, fingir ou ser eu mesma. Ou fingir ser eu mesma representando a candidata ideal. Talvez daí minha aversão ao teatro.
Mas também nunca faltei nas apresentações das minhas filhas, desde o berçário, a ponto de me emocionar com a menina deitada no palco, vestida de elefantinho, junto com as outras, que apenas ficavam lá, balançando as perninhas. Coisa linda. E daí que nestes dois anos já fui a saraus, improvisos, teatro cantado, dançado e ensaiado. E continuo torcendo para que acabe logo.