terça-feira, 22 de fevereiro de 2011

Condicionados pelo conforto


Passei pela desagradável situação de ficar sem energia elétrica em casa por mais de 20h. Na segunda, 21 de fevereiro, lá pelas três da tarde, caiu um temporal na região, com ventos de quase 100km, segundo o noticiário, que derrubou um número recorde de árvores.

Eu estava trabalhando e lá no serviço também acabou a luz, mas voltou em menos de meia hora. O maior incômodo foi ficar sem a máquina de café.

Em casa fica todo mundo perdido sem TV, computador, micro-ondas. A impressão é que não dá para fazer nada dentro de casa. E enquanto tinha a claridade da tarde ainda estava bom. Quando precisamos acender velas é que a ficha caiu. O pior é não saber quando a situação vai voltar ao normal. E sem luz o telefone também não funciona. Depois, chega a hora do banho: frio no chuveiro ou de canequinha com água esquentada no fogão? Optei pela canequinha. Afinal, fiz muito isso quando criança.

Mas a situação toda me lembra muito o filme "Ensaio sobre a cegueira", tamanha angústia que dá, a impotência de ficar esperando providências de um órgão público. E a própria reação da gente, que não quer arrumar, lavar, manter tudo em ordem, só porque não tem luz? Mas tinha água, tinha gás no fogão, tinha fósforos e velas, tinha os celulares que servem como lanternas, fajutas, mas servem. E, melhor, tem um que pega até alguns canais de TV. Não ficamos exatamente "no escuro". Também tem um rádio que funciona a bateria. Lógico que ficou ligado. Porque não aguentamos o silêncio imposto.

Talvez por achar o tempo todo que "já vai voltar", a gente fica inerte, quase sem ação. Não é assim tããão ruim. Podemos sempre aproveitar a experiência.

Só que a coisa durou mais de vinte horas. E as baterias já quase descarregadas dos celulares? E meu freezer? E a geladeira que já começa a ficar quente por dentro? E cheios de alimentos que podem ter estragado? E o prejuízo? E levantar na manhã seguinte e constatar que ainda não tem luz? Já tinha visto reportagens de lugares que ficam vários dias sem luz.

Por outro lado poderia ser pior. Sem luz é ruim, mas horrível é ficar sem água. E lá vem de novo a angústia que é "Ensaio sobre a cegueira" e sua visão do comportamento humano diante das dificuldades. Somos tão condicionados pelo conforto que não sabemos mais viver sem ele.

Enfim, a eletricidade voltou após 24 horas, e fica para sempre o temor do próximo temporal trazer a repetição do problema.

terça-feira, 1 de fevereiro de 2011

Música fantasma

Não foi nada em vão Não foi nada sem querer E é por isso irmão Está difícil de esquecer A marca ficou, ficou, bem marcada A vida virou, virou, mal tratada Ao passar dos anos eu sem sentir, fui gostar Sem perceber que já havia outro, em em lugar Não foi nada em vão Não foi nada sem querer E é por isso irmão, por isso Está difícil de esquecer

Tinha aqui prá mim que essa música é cantada por Tim Maia e se chama "Está difícil de esquecer". Mas nem São Google localiza ela. Na internet nenhum arquivo registra essa letra. Pelo menos não assim, como eu me lembro. Sempre que ouço Tim Maia, logo me vem essa na cabeça, do final dos anos 70, talvez começo da década de 80. E tenho procurado a gravação por anos. Tão difícil que às vezes pensava que Tim Maia nunca gravou, pode ter sido alguma passagem de som, uma brincadeira nos microfones, já que ele era exigente nessa área. Ou podia ser tradução de alguma música em inglês do tempo da doutrina Cultura Racional. Sei lá. Eis que para continuar esse post, fui parar na Wikipédia e achei a faixa listada no disco Tim Maia (volume 8) .É um álbum de estúdio e foi lançado em 1980 em LP e CD. Acho que preciso iniciar uma campanha para quem tiver esse disco disponibilizar na internet. Essa música não pode morrer. A letra é do próprio Tim Maia, a canção é a cara dele. Tantas faixas ele regravou, algumas várias vezes... Puxa, que saudade de ouvir a original e atualizar essa lembrança na minha cabeça. Alguém aí tem esse disco?