sexta-feira, 29 de outubro de 2010

Dia das Bruxas

Aproveito o tema do halloween para contar uma história antiga.
Meu pai é massagista, desde o tempo que não existia fisioterapeuta. Ele desentortou muita coluna alheia, curou inúmeros torcicolos, e tratava dores que as pessoas nem sabiam como tinham começado. Ele tinha um consultório na Rua Quintino Bocaiuva, centro de S.Paulo, que adquiriu da família do antigo dono, outro massagista, que segundo consta, morreu de ataque do coração, assistindo TV em casa.
Para meu pai foi ótimo negócio: tinha sala de espera, telefone (na época uma raridade), toda a mobilia e os equipamentos auxiliares do tratamento fisioterápico. Cheguei a ir lá muitas vezes, aos sábados, para ajudar na faxina.
Prédio antigo, cinco andares, tudo com cara de muito velho, já nos idos de 1975.

Acontece que na sala de espera, sem recepcionista, tinha uma campainha para quem entrava e precisava avisar sua presença para ser atendido. E essa campainha deu para tocar sozinha. No começo, meu pai achou que era brincadeira de alguém do andar, que apertava o interruptor da campainha e saía da sala antes dele abrir a porta da sala de massagem. Ele ia até o corredor e não via ninguém. Isso aconteceu várias vezes. Com o tempo ele foi conhecendo seus vizinhos de andar e percebeu que ninguém ali tinha perfil para fazer esse tipo de brincadeira.
A campainha tocava sozinha quase todos os dias. Ele chegou a desligar os fios do interruptor, e pasmem: ela continuou tocando. Fui testemunha e morri de medo. Mas ela só tocava quando não havia ninguém mesmo na sala de espera. Meu pai concluiu que "o cliente fantasma" era o antigo dono do consultório e passou a fazer orações pela sua alma sempre que tocava a campainha assombrada. Minha mãe acreditava nisso também. Aliás, acreditam nisso até hoje. Depois de alguns anos, em 1981, meu pai se desfez do consultório e não sabemos se a campainha continua tocando.

E eu, assustada desde criança, ainda acordo às vezes na madrugada, com a nítida impressão que alguém tocou a campainha lá de casa.

quarta-feira, 20 de outubro de 2010

Quem não aposta não ganha


Mesmo antes da internet sempre participei de sorteios. Mandava dezenas de cartas, juntava embalagens, recortava cupons. Num tempo sem preocupação com meio ambiente gastava folhas e mais folhas escrevendo histórias - quando assim o exigia a regra do concurso - ou apenas informando dados pessoais e afirmando ser aquele o melhor produto na categoria.

Ganhei alguns, nada de muito valor: livros, CDs, ingressos para shows... fui assistir Ana Carolina no Tom Brasil quando ela ainda não era celebridade. Ganhei uma bandeja de café da manhã que nunca usei.
O melhor prêmio foi "um dia de rainha" da antiga Rádio Cidade (olha quanto tempo faz isso) com direito a andar de limusine pela cidade, fazer compras no shopping Morumbi (ganhei a roupa, o sapato e o almoço), uma tarde de beleza (massagem, cabelo, maquiagem, etc) e um jantar no Grill Hall Prazeres da Carne com a presença do marido, filhas e sogra. Ganhei também um par de brincos de pérolas e uma serenata dos Tovadores Urbanos. Inesquecível.
Ainda ontem ganhei um par de ingressos para o cinema.
Portanto, não deixo de participar. E com a internet ficou muito fácil.

Por exemplo, estou participando do
sorteio de um kit com três pacotes de biscoitos Stroopwafel, iguaria holandesa maravilhosa, na parceria do blog Mirepoix com a Sobremesas do Mundo. Vai lá ver: http://migre.me/1EI3r

sexta-feira, 1 de outubro de 2010

SPAM


Abro esse post para falar dos emails que tenho recebido, principalmente de candidatos a cargos públicos. Não sou filiada a partido nenhum nem tenho preferência por qualquer deles. Em apenas um dos meu endereços recebi 35 emails de candidatos a tudo, até deputado na Bahia (e eu com isso? Eles acham que vou fazer campanha para eles aqui de São Paulo?). Só da Marta - senadora - recebi dez em 15 dias, uma das mais insistentes. Ainda acho que foi pouco. Imagino as assessorias avaliando se insistir pela internet não acaba indispondo o eleitor indeciso, no lugar de convencê-lo. Na verdade ainda não existem meios de quantificar a campanha virtual. Mas é um barato: tem candidato que pede prá gente baixar o material e distribuir. Haja convicção das propostas para isso. Outros mandam só a foto e o número, como se a gente fosse escolher candidato pelo sorriso dele.
Para não dizer que é SPAM, eles incluem lá no finalzinho em letras miúdas: você se cadastrou ou foi incluído por amigos. Ou então disfarçam a roupagem com ares jornalísticos, como um informativo.

Outros que amolam bastante são vendedores. De plano de saúde, de seguro, consórcio, baladas, assinaturas de revistas e jornais, que nunca têm link para cancelar ou se têm não funciona.

E tem aqueles que você até se cadastra, depois não consegue mais cancelar.

Quem trabalha com comunicação vive nessa angústia: como aproveitar bem o recurso da internet sem "queimar a imagem" do assessorado? Sabendo que a memória do povo é curta, como garantir que a mensagem seja assimilada e gere o feedback esperado?

Por mais que haja estudos sobre o assunto, continuo achando que é tudo precário ou chutado mesmo. Não tem como medir o alcance, muito menos o retorno, das campanhas lançadas pela internet, seja política, seja humanitária, religiosa, cidadã...