sexta-feira, 4 de dezembro de 2009

Comunicação via celular


Depois de três meses, finalmente me inspirei e apareci por aqui.
Uma matéria que fiz para a faculdade sobre celulares ficou bastante interessante - modéstia às favas - e quero compartilhar.

O estudo do fenômeno da comunicação móvel leva à constatação que as pessoas mudaram sua relação com a própria memória. Antes era comum ter decorados vários números de telefone sem precisar consultar a agenda. Hoje o celular é a memória que guarda todos os contatos, seu uso ampliou nossa capacidade de guardar dados, mas diminuiu nossa habilidade para lembrar essas coisas. Outra característica destes tempos atuais é que o celular, ao mesmo tempo que massifica, já que praticamente todos possuem pelo menos um aparelho, individualiza, pois mesmo colocando vários aparelhos de mesmo modelo um ao lado do outro, cada proprietário identifica o seu. Os usuários personalizam seus aparelhos com capas, adesivos, imagens na tela inicial e configuram também os toques, diferenciando cada contato com um som diferente.

Hoje ninguém gosta de perder o celular de vista. As pessoas dormem com o aparelho na cabeceira. Ninguém nunca está fora ou longe. Estão sempre dentro, mas jamais trancados em qualquer lugar. Com tempo suficiente, os celulares treinariam os olhos a ver sem ver. O celular cria no ser humano a capacidade de estar ao lado e não estar junto.

O lançamento de novos modelos inteligentes e a convergência entre os recursos da internet e da comunicação móvel incrementam o mercado e aumentam a possibilidade da interatividade resultar em lucros para as empresas. Pagamentos com cartão de crédito via celular já são realizados no Brasil. O twitter aumentou exponencialmente a relação da comunicação móvel com a publicação de mensagens. Antes as pessoas se contentavam em ligar para outra e contar onde estavam e o que faziam, agora mandam uma mensagem para seu twitter e contam a mesma coisa para centenas de pessoas de uma só vez, inclusive desconhecidos.

Aliás, as viagens são registradas pela câmera do celular. Por ele se consulta mapas, hoteis, e dá para escolher lugar no avião, alugar um carro... é só não esquecer o carregador.
Portar celular é mais significativo do que ter acesso à internet para melhorar o nível de desenvolvimento da população. Mas isso não lhes traz mais cultura nem tira as pessoas da pobreza. As instituições ainda não estão prontas para usar a tecnologia sem fio. Timidamente aparecem campanhas, como em julho, no combate à gripe H1N1 em que o governo fez o envio de mensagens de celular com orientações para quem apresentar os sintomas da doença,

De olho nos dados estatísticos “assinantes de celulares x número de habitantes” como índice de desenvolvimento, o governo já estuda a criação de um programa para garantir que pessoas carentes tenham telefones celulares.

Ainda falta aos profissionais de comunicação descobrir como usar a seu favor o fato das pessoas estarem disponíveis para ser contatadas por ter o telefone sempre à mão. A convergência de utilidades agregadas aos aparelhos torna os celulares objetos de desejo constantes. Portanto, a base de usuários só tende a crescer. A interatividade proporcionada pela comunicação sem fio ainda não foi assimilada pelo jornalismo como ferramenta estratégica. O celular ainda é apenas um telefone para o espectador do rádio e da TV ligar para a emissora e no máximo falar ao vivo.

Mas o futuro é promissor de um novo padrão cultural.